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Mulher de 46 anos vem para consulta cardiológica com intuito de realizar avaliação pré-atividade física (academia). Nega comorbidades. Relata episódio de lipotímia durante corrida de 5 km no início do ano. Exame físico não revela alterações relevantes. ECG mostra:
Qual a conduta mais adequada neste momento?
Resposta abaixo:
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Resposta: pedir ecocardiograma transtorácico
O ecg mostra sinais claros de sobrecarga de ventrículo esquerdo (SVE). Quais? Onda R de aVL medindo 11 mm, por exemplo. Nunca ouviu falar nesse critério? Veja este post. Também preenche critério de Cornell e de Sokolow-Rappaport. Para revisar rapidamente os critérios de SVE, veja este post.
OK. Mas e daí? Nada demais, certo? Errado. A paciente não possui comorbidades como hipertensão arterial que justifiquem a presença de SVE.
Dica: Na ausência de causas óbvias para SVE como HAS ou estenose aórtica, devemos sempre considerar a possibilidade de cardiomiopatia hipertrófica!!!
Lembrando que a CMH é uma das principais causas de morte súbita durante a realização de atividades físicas. O fato da paciente ter tido uma lipotímia (pré-síncope) durante corrida prévia aumenta ainda mais esta possiblidade. Ah, mais o exame físico foi normal, isto fala contra CMH, não? Na verdade, não. O exame físico de fato pode ser completamente normal nesta doença. Então qual a melhor conduta agora? Pedir um ressonância cardíaca? Um holter? Comecemos pelo básico do básico: um ecocardiograma transtorácico realizado por alguém com experiência.
Dica: o ecocardiograma é um exame bastante dependente do examinador. Quando estiver frente a uma hipótese diagnóstica como esta, que pode influenciar completamente o prognóstico do paciente, sempre solicite que o exame seja feito por pessoa da sua confiança.
Uma vez confirmado o diagnóstico de hipertrofia miocárdica pelo eco, outras condutas terão que ser tomadas (realização de holter, etc) mas no momento inicial o eco definitivamente é a conduta a ser tomada.